quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Carvalhais Parte II - THE END

De longe, o melhor de conhecer “Os Carvalhais” por dentro, é o prazer de conhecer ilustres desconhecidos mas que a partir do momento que entram nas nossas vidas nunca mais de lá saiem (não saiem por esquecimento dessas pessoas. Simplesmente não nos largam mais a porta).
Porém o que me trouxe aqui para falar deste fantástico bairro não foi o prazer de relembrar personagens inimagináveis que nem o mais conceituado escritor conseguiria inventar, muito menos as histórias mirabolantes onde todos se envolvem porque “ ele tem 5 mil contos no banco e ainda não me pagou a fruta que lhe trouxe!”. O que me traz cá é a nova história deste magnífico aglomerado de casas de cerca de 4m² cada: A história de prostituição que tem vindo a ser o foco das atenções de todos. Segundo fontes seguríssimas, uma das personagens características e marcantes que mora nesta civilização, uma mulher com cerca de 65 anos, casada, com um filho com trissomia 21 e um passado de alcoolismo (chamemos-lhe Maria), tem um caso com um homem com 80 e tal anos (chamemos-lhe António) que lhe paga uma quantia de cerca 40€ por cada vez que lhe é permitido fazer uso dos seus desgastados órgãos!
Porém, por muito que seja agradável imaginarmos duas pessoas na flor da idade a desfrutarem do prazer carnal, a parte mais engraçada é a forma como marido e filho são despistados para que esse acto de tamanha beleza possa acontecer sem que hajam interrupções que não permitam que o envergonhado órgão desmaie sem que seja possível acordar em tempo útil. O filho é afastado com um acto simples de inteligência: “oh rapaz, pega lá em 5€ e vai-me a venda buscar fiambre”. O marido (chamemos-lhe José) é que requer um pouco mais de subtileza mas também demonstra a astúcia de uma pessoa com 80 anos de experiencia de vida: espera-se que almoce ou jante (por volta das 11h ou 17h respectivamente), descanse a vista e então procede-se a esse acto de rara beleza e que ainda não conseguiu ser presenciado por ninguém que não os próprios envolvidos.
No final do acto em vez do beijo louco e da tristeza pela despedida existe apenas um clima frio e de distanciamento entre duas pessoas que o dinheiro as tornou tão próximas por uns momentos. Ainda assim a parte melhor de quando o acto termina, não é o cheiro a álcool e sexo que os rodeia; também não é a satisfação plena de libertarem os fluidos corporais que teimam em não acabar; a parte melhor deste fim é o José e o António se sentarem a uma mesa cá fora e partilharem histórias de quando eram mais jovens e se tornarem uns parceiros de dominó inseparáveis até ao dia seguinte!
No entanto existem obstáculos a conclusão deste acto belo e único, o filho do António que se encontra revoltado com a ideia de ver o pai cometer este ultraje e algo tão pouco natural num homem com aquela idade não pela ideia de a Maria ser casada, nem pelo facto de ela ter filhos. A única coisa que revolta este filho é o facto de o seu pai estar a gastar a sua pequena fortuna em coisas que são efémeras como o prazer sexual.
Ao ser confrontado com a ideia do filho, António exaltou-se dizendo-lhe que “o dinheiro é meu, e se eu não o posso estourar com ela, arranja-me outra!”
O filho, assim como eu e todo o leitor, ficou sem resposta.
Resta-lhe agora esperar que um dia, quando António falecer, o prazer carnal não tenha sido maior que as poupanças de uma vida e que as esperanças de um fim de vida mais desafogado em termos financeiros por parte do filho não se esfumem por um rabo de saias que tem muito conhecimento sobre vinhos “A Nossa Loja”

Só falta o cabelo

Inteligente é aquele que se senta ao pé da porta da cozinha, pois come primeiro, esperto é aquele que pede um prato diferente dos outros todos pois come mais e espera menos, este é o dilema de muitos velhos, português digno desse nome, com duas possíveis escolhas, entre ganhar 10.000€ por ano enquanto todos os seus vizinhos ganham 5.000€ por ano, e ganhar 100.000€ por ano enquanto todos os seus vizinhos ganham 250.000€ por ano, escolhe ganhar 10.000€ por ano, pois o que importa é ter mais do que o vizinho, mesmo que se viva pior...

Já alguma vez se perguntaram porque que os velhos gostam de ir a frente no autocarro? Depende da ocasião, no caso de ser uma excursão pic-nic, mal o autocarro para, a mulher vai logo escolher o melhor sítio, uma boa sombra não muito perto do rio nem muito longe, enquanto isso homem tira as coisas da mala, no caso de ser uma excursão com destino um restaurante, eles sentam-se a frente, para mal cheguem ao restaurante, sentam-se logo perto da porta da cozinha, para serem os primeiros a serem servidos. Se for um autocarro carreira sentam-se a frente para andar menos.