Apresento-vos um texto da autoria de Fernando Abreu, porém o texto está divido em varias partes, deixo-vos aqui, o primeiro episódio da saga...
Algures numa freguesia famalicense, existe um local muito especial chamado “ Os Carvalhais”. Esse local é muito especial pelo companheirismo violento existente entre vizinhos de longa data. Esse mesmo local foi anteriormente denominado “ O Bairro da Vaidade” algo que ainda ninguém foi capaz de esclarecer de uma forma explícita e que não envolvesse palavras mais rudes pelo meio e gestos desapropriados.
Mas fora a violência constante, gerada pela necessidade vital de se manterem informados sobre a vida do vizinho, é um local pacato. Aliás, é um local como outro qualquer no mundo considerado civilizado: é um local onde existem saneamentos públicos mas que as pessoas que lá habitam insistem em dizer que não têm nenhuma utilidade. “Já temos aqui fossas” afirmam os residentes de punho no ar em forma de revolta. A água municipal foi outro dos projectos camarários que acabaram sendo vetados pelos moradores assim como a reconstrução de algumas partes daquele fenomenal aglomerado de casas com cerca de 50 anos e que demonstra já bastantes sinais da sua antiguidade.
“Os Carvalhais” é um bairro que obteve esse nome devido a ter existido um carvalhal extenso no exacto local onde foi construído esse bairro, tendo esse mesmo carvalhal sido destruído para que pudesse existir um ajuntamento de gente tão importante na sociedade num só local.
Este bairrinho é um bairro que acolhe da mesma forma filhos de todas as mães e filhos da mesma mãe mas de pais diferentes. Afinal com a igreja tão perto, o importante é mesmo a família.
O ano n’Os Carvalhais está dividido em duas alturas distintas: de Agosto a Maio e de Maio a Agosto onde essa mesma divisão é feita e regulada por uma entidade nacional denominada Liga Portuguesa de Futebol. De Agosto a Maio existe um confronto constante entre adeptos de clubes rivais: “eh pah os teus vermelhinhos ontem pareciam bonequinhos a jogar contra os ingleses” que é retribuído com o tradicional “bonequinha chamava eu a tua prima”.
Fernando Abreu, Nandinho para os amigos e para uma prima mais jeitosa que possas ter...
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